Às folhas tantas do livro de matemática, um quociente apaixonou-se um dia doidamente por uma incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável e viu-a, do ápice à base.
Uma figura ímpar. Olhos rombóides, boca trapezóide, corpo ortogonal, seios esferóides.
Fez da sua uma vida paralela a dela até que se encontraram no infinito.
"Quem és tu?" - indagou ele com ânsia radical.
"Eu sou a soma dos quadrados dos catetos, mas pode me chamar de hipotenusa".
E de falarem descobriram que eram o que, em aritmética, corresponde a almas irmãs, primos entre-si.
E assim se amaram ao quadrado da velocidade da luz numa sexta potenciação traçando ao sabor do momento e da paixão: retas, curvas, círculos e linhas senoidais.
Nos jardins da quarta dimensão, escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas e os exegetas do universo finito.
Romperam convenções Newtonianas e Pitagóricas e, enfim, resolveram se casar, constituir um lar, mais que um lar, uma perpendicular.
Convidaram os padrinhos: o poliedro e a bissetriz, e fizeram os planos, equações e diagramas para o futuro, sonhando com uma felicidade integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones muito engraçadinhos e foram felizes até aquele dia em que tudo, afinal, vira monotonia.
Foi então que surgiu o máximo divisor comum, freqüentador de círculos concêntricos viciosos, ofereceu-lhe, a ela, uma grandeza absoluta e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, quociente percebeu, que com ela não formava mais um todo, uma unidade.
Era o triângulo tanto chamado amoroso desse problema, ele era a fração mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a relatividade e tudo que era espúrio passou a ser moralidade, como, aliás, em qualquer Sociedade ..."
Millor Fernandes
[BLOG ENCERRADO]
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Poema Matemático
sábado, 24 de novembro de 2007
I have a... DREAM!
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Carta ao Sol...
Hoje deixaste-me só, perdida em pensamentos mil, imaginando o que teria acontecido para não me brindares com a tua energia. Foi alguma coisa que eu fiz?
Ainda ontem sentia o teu calor percorrer o meu corpo num arrepio de prazer, e sorria por existires, por estares comigo.
Eu sei que tens mais por onde brilhar e que outros também necessitam de te sentir, mas precisava de ser assim? Tão repentinamente!?
Acordei hoje numa manhã que não reconheci... cinzenta. Como cinzento veio a ser o meu dia, muito pela tua ausência. Que manhã triste sem ti!
Quando olhei pela janela já chovia. Nada muito forte, mas molhado e frio. Está frio, facto! Está a chover, facto! E como se não bastasse ei-lo que surge ... o vento!!
Saí para o trabalho, e pela primeira vez este Outono senti frio, o vento que me batia na face e parecia querer entrar em todo o meu corpo e tomar conta de mim. Segui firme e decidida a não me deixar vencer pelo cinzentismo do dia, um café ajudou.
Entrei no meu local de trabalho, que nestes dias ainda se torna mais insuportável. Um ambiente horrível, abri a porta, sorri para as colegas e disse: "boa tarde", mesmo sabendo que isso não seria possível.
Na hora do lanche fui espreitar e nada de notícias tuas. Fiquei triste!
Quando saí do trabalho, pouco passava das 20H, fui recebida por algum vento e chuva torrencial! Caminhando em direcção ao carro senti o clarão de um enorme relâmpago, todo o Céu se iluminou e passado pouco tempo a trovoada fez-se sentir.
Foi com este espectáculo que fui acompanhada até casa onde, não obstante o chapéu de chuva, cheguei algo molhada ...
Gosto de ti Sol, sinto a tua falta e a tua energia, but...
Se neste dia me tivessem dado:
... uma casa na praia.
... uma lareira.
... um vinho do porto.
... uma música a tocar.
... e a companhia desejada.
Imagino que seria um dia muito agradável...
Como não me deram... volta Sol, estás perdoado...
terça-feira, 13 de novembro de 2007
A noite chegou ...
... e com ela a calma crescente de mais um dia de trabalho chegado ao fim ...
A mente orienta o pensamento para ti, novamente. Tu existes!
Olho à minha volta ... sinto ainda o teu cheiro ...
No cinzeiro a limpeza dos cigarros que não fumaste, no copo o vazio do whisky que não bebeste ...
Ainda oiço os pingos que caem do chuveiro, daquele duche que acabaste de não tomar ...
Lá fora, a Lua alta testemunha a lágrima que rola da minha face ... por tudo aquilo que escrevi, mas não vivi ...
E sózinha, mais uma vez ... vou-me deitar!
Vou dormir o sonho de não acordar e te ter perto de mim ...
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Avós...
Hoje apetece-me falar de avós. Já aqui falei muito particularmente da minha avó paterna que foi a que sempre esteve mais próxima de nós (geográficamente falando). Mas os outros 3 também são, para mim, muito importantes, sendo que dois deles, os avôs, já faleceram.
O motivo que me leva hoje a falar dos avós não é de facto o mais feliz. Tenho a minha avó Maria (quem não tem uma avó Maria?), avó materna, e que neste momento se encontra na casa dos meus pais, com uma infecção respiratória :( ... Ora, se pensarmos que a jovem tem 84 anos ... não é animador. Por outro lado ela é uma mulher de força e coragem e por isso, vamos acreditar! Mas vamos lá falar um pouquinho de avós.
O meu avô Daniel, avô paterno.
Eu não conheci o meu avô Daniel, embora ele me tenha conhecido, a ele devo o facto de ter nascido em Angola, pois foi ele que partiu de Trás-os-Montes no início dos anos 50. Foi trabalhar para a construção, mas com o passar dos anos virou camionista e percorreu aquela terra com os seus camiões. O meu avô está sepultado no Huambo/Angola, no cemitério do Bairro S. Pedro. faleceu quando eu tinha 2 meses. Conta a minha avó que ele brincava comigo e dizia "Olha a lêndea o que tem os olhos de arregalados" ...
Um dia, em Junho de 1975, depois de assistir a um jogo de futebol do Recreativo da Cáala, clube do qual era sócio, foi atropelado por uma motorizada, tendo batido com a cabeça no chão, veio a falecer no Hospital Central... 42 anos de idade. Tenho num sentimento especial por este avô que não conheci! Um dia vou colocar uma flor na sua campa ...
O meu avô Arlindo, avô materno.
Como eu gostava do meu avô! Como gostava em pequena de o ir ajudar na Praça, onde ele vendia frutas, hortaliças, ovos e afins. Carregar e descarregar a carrinha, atender os clientes e mais ... ele até me deixava fazer os trocos e pesar, sempre comigo debaixo de olho ... Por vezes até chegava a ir com ele às hortas e apanhar a mercadoria directamente ... eu adorava aquilo... andava na primária, mas sempre que podia lá ia eu com ele, a cantar, sempre a cantar eu...
E depois, quando iamos à terra, iamos plantar batatas, iamos cavar, apanhar ... tanta coisa que eu gostava. Este contacto com a terra e o trabalho. Acho que já vem daí o meu gosto pelo trabalho, ser útil, ver alguma coisa a acontecer pela nossa mão ... e o meu gosto pela natureza, o contacto, não só com a terra, mas também com os animais ... Bons tempos. Depois de ter visto uma perna amputada, nunca mais foi o mesmo. Não estava habituado a uma vida sedentária, deixou de poder cuidar da sua fazenda, da sua vinha, perdeu alegria ... faleceu com 84 anos.
A minha avó Leopoldina, avó paterna.
A minha avó tem 86 anos. às vezes até me esqueço porque ela está impecável. Claro que as forças já não são as mesmas, e, para além de um problema no olho que foi tratado no IPO de Lisboa, onde ainda é consultada, graças a Deus a saúde tem-na preservado. Esta foi avó que vivia conosco e depois teve que ir ajudar a minha tia, passando a viver com ela, andava eu também na primária. Devido a tamanha proximidade, esta também foi a avó com quem tive mais conflitos, mas também mais cumplicidade ... sem dúvida!
Ainda hoje vive com a minha tia.
A minha avó Maria, avó materna.
A razão da minha actual preocupação. A minha avó Maria tem 84 anos, como já disse. Desde que o meu avô faleceu, em 2001, quis sempre ficar na sua casa na terra. Mas há medida que os anos avançam lá se foi convencendo em passar algumas temporadas na casa das filhas e/ou netos. Tinha estado no Norte em casa da filha mais velha, mas sempre regressa à terra por altura dos finados. Essa é a altura em que a minha mãe a vai buscar para ela depois vir para aqui e passar o Natal. Desta vez a minha mãe não a encontrou de muito boa saúde. Apanhou gripe, não foi ao médico e o resultado foi este. Infecção respiratória... vamos aguardar e ter esperança. Está medicada, acompanhada e, sobretudo, é uma mulher de força!
Como gosto de todos os meus avós!! Obrigada SEMPRE por tudo!
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
Bandas Sonoras
Obrigada grande Jorge Palma...