quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Poema Matemático


Às folhas tantas do livro de matemática, um quociente apaixonou-se um dia doidamente por uma incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável e viu-a, do ápice à base.
Uma figura ímpar. Olhos rombóides, boca trapezóide, corpo ortogonal, seios esferóides.
Fez da sua uma vida paralela a dela até que se encontraram no infinito.
"Quem és tu?" - indagou ele com ânsia radical.
"Eu sou a soma dos quadrados dos catetos, mas pode me chamar de hipotenusa".
E de falarem descobriram que eram o que, em aritmética, corresponde a almas irmãs, primos entre-si.
E assim se amaram ao quadrado da velocidade da luz numa sexta potenciação traçando ao sabor do momento e da paixão: retas, curvas, círculos e linhas senoidais.
Nos jardins da quarta dimensão, escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas e os exegetas do universo finito.
Romperam convenções Newtonianas e Pitagóricas e, enfim, resolveram se casar, constituir um lar, mais que um lar, uma perpendicular.
Convidaram os padrinhos: o poliedro e a bissetriz, e fizeram os planos, equações e diagramas para o futuro, sonhando com uma felicidade integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones muito engraçadinhos e foram felizes até aquele dia em que tudo, afinal, vira monotonia.
Foi então que surgiu o máximo divisor comum, freqüentador de círculos concêntricos viciosos, ofereceu-lhe, a ela, uma grandeza absoluta e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, quociente percebeu, que com ela não formava mais um todo, uma unidade.
Era o triângulo tanto chamado amoroso desse problema, ele era a fração mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a relatividade e tudo que era espúrio passou a ser moralidade, como, aliás, em qualquer Sociedade ..."


Millor Fernandes

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sábado, 24 de novembro de 2007

I have a... DREAM!

Respondendo ao desafio do meu Amigo João Navarro vou falar-vos de um SONHO! Já que tenho fama de irreverente junto dos que melhor me conhecem, porque não, aqui, sê-lo também. Este desafio faz parte duma corrente bloguista. Como não sou adepta e este Blog não é aquilo que se pode chamar um Blog de referência, sendo que os leitores e participantes são muito poucos, mas muito bons entenda-se, não passarei o desafio a ninguém, mas peço a todos quantos por aqui passem que nos comentários falem também dos seus sonhos...

Tão pouco as regras serão levadas à letra ... perdoem-me os fieis destas coisas, but...

Vamos lá então!

Eu podia dizer que o meu sonho é que os povos encontrem a Paz, que acabem as Guerras, que a fome não seja uma realidade, que não haja falta de afectos, que as crianças do Mundo sejam felizes, que o Mal e os seus percursores desapareçam, que a existência da Humanidade seja escrita a fio de ouro, que o Sol continue sempre a brilhar, que os rios possam correr e o Mar mantenha a sua Grandiosidade. Não deixo de desejar tudo isto se não fizer disto o meu SONHO!

Podia dizer que a Felicidade do meu filhote é o meu sonho, mas não. Claro que tudo o que faço na vida é para atingir esse fim. Nada faz sentido se não estiver presente esse objectivo, mas mais que um sonho considero essa a minha obrigação, uma obrigação inata, um Amor incondicional. Poder acompanhá-lo, vê-lo crescer, vê-lo errar, acertar, sofrer e aprender ... tudo faz parte. Não sonho protegê-lo da vida que que às vezes é tão cruel, pois isso seria estar a votá-lo a um sofrimento constante.

A minha Felicidade, será um sonho? Não... a minha Felicidade é a consequência da forma como encaro cada situação, cada adversidade, cada desafio, cada bofetada que a vida me dá. A minha Felicidade é o momento, não é um sonho... é uma realidade sobre a qual a maior responsável sou eu própria. Mesmo quando me queixo, quando lamento, quando parece que estou no chão ... lá no fundo existe esta consciência... Não farei da minha Felicidade um Sonho, antes farei do Sonho a minha Felicidade!

Agora sim... o SONHO!! O meu...


ANGOLA!!

Possivelmente ninguém perceberá ... confesso que eu própria tenho alguma dificuldade em perceber e talvez seja isso até que torne este sentir no meu SONHO!
É algo que sinto que tenho que fazer e talvez só estando lá eu possa saber o porquê... ou talvez não, sei lá...

Quando falo em Angola não falo só em Luanda. Sinto que Luanda é o primeiro sítio pelo qual tenho que passar. Sei um pouco daquilo que vou encontrar, e que ficarei vacinada para poder conhecer mais do País. Depois o Huambo, cidade que me viu nascer...

Mais do que conhecer Angola, fazer alguma coisa por ela será talvez um Sonho maior, resultado de um amor maior que não se explica, sente-se apenas. Ficar lá? Não sei? Quem pode escrever hoje o que vai ser de mim amanhã. A vida dá tantas voltas...


E Angola, mesmo sem saber... já me deu tanto, tanto! Sonho retribuir... Sonho poder estar perto de um...


...Embondeiro!
Foto de Fernando Júnior

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Carta ao Sol...



Olá Sol...


Hoje deixaste-me só, perdida em pensamentos mil, imaginando o que teria acontecido para não me brindares com a tua energia. Foi alguma coisa que eu fiz?


Ainda ontem sentia o teu calor percorrer o meu corpo num arrepio de prazer, e sorria por existires, por estares comigo.


Eu sei que tens mais por onde brilhar e que outros também necessitam de te sentir, mas precisava de ser assim? Tão repentinamente!?


Acordei hoje numa manhã que não reconheci... cinzenta. Como cinzento veio a ser o meu dia, muito pela tua ausência. Que manhã triste sem ti!


Quando olhei pela janela já chovia. Nada muito forte, mas molhado e frio. Está frio, facto! Está a chover, facto! E como se não bastasse ei-lo que surge ... o vento!!


Saí para o trabalho, e pela primeira vez este Outono senti frio, o vento que me batia na face e parecia querer entrar em todo o meu corpo e tomar conta de mim. Segui firme e decidida a não me deixar vencer pelo cinzentismo do dia, um café ajudou.


Entrei no meu local de trabalho, que nestes dias ainda se torna mais insuportável. Um ambiente horrível, abri a porta, sorri para as colegas e disse: "boa tarde", mesmo sabendo que isso não seria possível.


Na hora do lanche fui espreitar e nada de notícias tuas. Fiquei triste!


Quando saí do trabalho, pouco passava das 20H, fui recebida por algum vento e chuva torrencial! Caminhando em direcção ao carro senti o clarão de um enorme relâmpago, todo o Céu se iluminou e passado pouco tempo a trovoada fez-se sentir.


Foi com este espectáculo que fui acompanhada até casa onde, não obstante o chapéu de chuva, cheguei algo molhada ...


Gosto de ti Sol, sinto a tua falta e a tua energia, but...


Se neste dia me tivessem dado:


... uma casa na praia.
... uma lareira.
... um vinho do porto.
... uma música a tocar.
... e a companhia desejada.

Imagino que seria um dia muito agradável...


Como não me deram... volta Sol, estás perdoado...




terça-feira, 13 de novembro de 2007

A noite chegou ...


... e com ela a calma crescente de mais um dia de trabalho chegado ao fim ...

A mente orienta o pensamento para ti, novamente. Tu existes!
Olho à minha volta ... sinto ainda o teu cheiro ...
No cinzeiro a limpeza dos cigarros que não fumaste, no copo o vazio do whisky que não bebeste ...
Ainda oiço os pingos que caem do chuveiro, daquele duche que acabaste de não tomar ...

Lá fora, a Lua alta testemunha a lágrima que rola da minha face ... por tudo aquilo que escrevi, mas não vivi ...
E sózinha, mais uma vez ... vou-me deitar!
Vou dormir o sonho de não acordar e te ter perto de mim ...

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quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Avós...


Hoje apetece-me falar de avós. Já aqui falei muito particularmente da minha avó paterna que foi a que sempre esteve mais próxima de nós (geográficamente falando). Mas os outros 3 também são, para mim, muito importantes, sendo que dois deles, os avôs, já faleceram.
O motivo que me leva hoje a falar dos avós não é de facto o mais feliz. Tenho a minha avó Maria (quem não tem uma avó Maria?), avó materna, e que neste momento se encontra na casa dos meus pais, com uma infecção respiratória :( ... Ora, se pensarmos que a jovem tem 84 anos ... não é animador. Por outro lado ela é uma mulher de força e coragem e por isso, vamos acreditar! Mas vamos lá falar um pouquinho de avós.

O meu avô Daniel, avô paterno.

Eu não conheci o meu avô Daniel, embora ele me tenha conhecido, a ele devo o facto de ter nascido em Angola, pois foi ele que partiu de Trás-os-Montes no início dos anos 50. Foi trabalhar para a construção, mas com o passar dos anos virou camionista e percorreu aquela terra com os seus camiões. O meu avô está sepultado no Huambo/Angola, no cemitério do Bairro S. Pedro. faleceu quando eu tinha 2 meses. Conta a minha avó que ele brincava comigo e dizia "Olha a lêndea o que tem os olhos de arregalados" ...
Um dia, em Junho de 1975, depois de assistir a um jogo de futebol do Recreativo da Cáala, clube do qual era sócio, foi atropelado por uma motorizada, tendo batido com a cabeça no chão, veio a falecer no Hospital Central... 42 anos de idade. Tenho num sentimento especial por este avô que não conheci! Um dia vou colocar uma flor na sua campa ...

O meu avô Arlindo, avô materno.

Como eu gostava do meu avô! Como gostava em pequena de o ir ajudar na Praça, onde ele vendia frutas, hortaliças, ovos e afins. Carregar e descarregar a carrinha, atender os clientes e mais ... ele até me deixava fazer os trocos e pesar, sempre comigo debaixo de olho ... Por vezes até chegava a ir com ele às hortas e apanhar a mercadoria directamente ... eu adorava aquilo... andava na primária, mas sempre que podia lá ia eu com ele, a cantar, sempre a cantar eu...
E depois, quando iamos à terra, iamos plantar batatas, iamos cavar, apanhar ... tanta coisa que eu gostava. Este contacto com a terra e o trabalho. Acho que já vem daí o meu gosto pelo trabalho, ser útil, ver alguma coisa a acontecer pela nossa mão ... e o meu gosto pela natureza, o contacto, não só com a terra, mas também com os animais ... Bons tempos. Depois de ter visto uma perna amputada, nunca mais foi o mesmo. Não estava habituado a uma vida sedentária, deixou de poder cuidar da sua fazenda, da sua vinha, perdeu alegria ... faleceu com 84 anos.

A minha avó Leopoldina, avó paterna.

A minha avó tem 86 anos. às vezes até me esqueço porque ela está impecável. Claro que as forças já não são as mesmas, e, para além de um problema no olho que foi tratado no IPO de Lisboa, onde ainda é consultada, graças a Deus a saúde tem-na preservado. Esta foi avó que vivia conosco e depois teve que ir ajudar a minha tia, passando a viver com ela, andava eu também na primária. Devido a tamanha proximidade, esta também foi a avó com quem tive mais conflitos, mas também mais cumplicidade ... sem dúvida!
Ainda hoje vive com a minha tia.

A minha avó Maria, avó materna.

A razão da minha actual preocupação. A minha avó Maria tem 84 anos, como já disse. Desde que o meu avô faleceu, em 2001, quis sempre ficar na sua casa na terra. Mas há medida que os anos avançam lá se foi convencendo em passar algumas temporadas na casa das filhas e/ou netos. Tinha estado no Norte em casa da filha mais velha, mas sempre regressa à terra por altura dos finados. Essa é a altura em que a minha mãe a vai buscar para ela depois vir para aqui e passar o Natal. Desta vez a minha mãe não a encontrou de muito boa saúde. Apanhou gripe, não foi ao médico e o resultado foi este. Infecção respiratória... vamos aguardar e ter esperança. Está medicada, acompanhada e, sobretudo, é uma mulher de força!


Como gosto de todos os meus avós!! Obrigada SEMPRE por tudo!

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quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Bandas Sonoras

Este Senhor não para de nos surpreender ... e agora virou Banda Sonora de algo muito Bonito ...
Obrigada grande Jorge Palma...




Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.

E lá dos antigamentes... para ser diferente, uma música que eu AMO.


Não sei se era maior o desejo ou o espanto
Só sei que por instantes deixei de pensar
Uma chama invisível incendiou-me o peito
Qualquer coisa impossível fez-me acreditar
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Fiquem bem neste fim de feriado!