quarta-feira, 9 de abril de 2008

O último ano em Luanda


Terminei ontem à noite a leitura de mais este romance, baseado em factos verídicos, de Tiago Rebelo. Gosto da sua escrita e gosto de ler o que envolve algo que me é tão próximo, tão presente, tão querido - Angola!
Confesso... nem sempre as lágrimas foram contidas - sim, sou de lágrima fácil - mas, não creio, que mesmo quem não o seja, consiga ficar indiferente a determinadas passagens ...
Imaginar que aquilo que é descrito de facto aconteceu, se não exactamente como é retratado, muito perto disso - pensar que os meus se viram envolvidos, uns mais, outros menos, em todo aquele horror, pensar nos interesses políticos que se sobrepuseram de forma cruel sobre qualquer outra coisa, mas sobretudo sobre a dignidade Humana, pensar que tudo poderia ter sido diferente mas que não adianta sequer pensar nisso, pensar naqueles que apesar de tudo ficaram, ou regressaram em tempos difíceis por amor à terra, para tentar ajudá-la a crescer, a prosperar... pensar que também esses teriam tantas estórias para nos contar (seria a meu ver importante ler um relato, um romance que seja, baseado nos factos verídicos vivenciados por quem ficou além do 11 de Novembro) e pensar ainda que eu também tenho um papel a desempenhar... e que o quero desempenhar...

Já tinha gostado do "O tempo dos Amores Perfeitos", mais ainda deste "O Último ano em Luanda", talvez pela maior proximidade temporal e não só...

Deixo-vos a sinopse...


Em 1974, uma revolução em Lisboa apanha de surpresa centenas de milhares de portugueses que vivem em Angola. A partir desse dia inicia-se a derrocada imparável de uma sociedade inteira que, tal como um navio a afundar-se, está condenada à destruição e à ruína. Em escassos meses, trezentos mil portugueses são obrigados a largar tudo e a fugir, embarcando numa ponte aérea e marítima que marca o maior êxodo da história deste povo. Para trás ficam as suas casas, os carros e até os animais de estimação. Empresas, fábricas, comércio e fazendas são abandonados enquanto Luanda, a capital da jóia da coroa do império português, é abalada por uma guerra civil que alastra ao resto do território angolano. Três movimentos de libertação, cujos exércitos estavam derrotados a 25 de Abril de 1974, estão novamente activos e combatem entre eles pelo poder deixado vazio pelas Forças Armadas portuguesas. É neste cenário de total desorientação social e de insegurança generalizada que Nuno, um aventureiro que há anos atravessa os céus do sertão angolano no seu avião, Regina e o filho de ambos se movem, numa extraordinária luta para sobreviverem à violência diária, às perseguições políticas, às intrigas e traições que fazem de Luanda uma cidade desesperada. Esta é a história de coragem e abnegação de um casal surpreendido, tal como milhares de outros, num processo de degradação que se deve à recusa do Exército em defender os seus próprios compatriotas a favor de um movimento até há pouco inimigo, ao desinteresse dos políticos, à total incapacidade do governo de Lisboa para impor os termos de um acordo assinado no Alvor e constantemente violado em Angola e à intervenção militar das duas potências mundiais envolvidas numa guerra fria que é combatida por intermédio dos exércitos regionais.

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2 comentários:

Eudemim disse...

Desde então a ambição desmesurada dos políticos continua a prevalecer em detrimento da dignidade dos seus parentes mais desfavorecidos.
E pensar que tudo aconteceu em vão para estes parentes...
Mas os senhores que hoje mandam no país trouxeram progressos sim...por exemplo não se morria de fome em Angola e hoje morre-se, a malária já tinha sido erradicada e hoje é o que se vê...e tanta...tanta coisa pequena que diz tanto do que se passa por aqui. Auê !!

Unknown disse...

Puxa! Tens tanta razão que chega a doer... :-(

Enfim... acreditemos!