quarta-feira, 28 de maio de 2008

Serginho - Agradecimento devido

Serginho


Eu avisei!! :D

Alguém também especial. Sempre disse que tinha nos meus amigos da Sanzalangola, um Top5, mesmo que o Top5 seja de mais alguns e não só de 5 :D. Neste Top5 não existe um primeiro ou um último, todos ao mesmo nível mesmo se de modo diferente. As relações não são iguais, os níveis de partilha não são iguais, pode haver muita coisa diferente, mas há algo em todos igual: a excelência da Amizade, para além de todos serem angolanos.

Sérgio Monteiro, o Serginho, duma maneira diferente do JA, com uma cumplicidade diferente mas que não deixa de ser cumplicidade. Mais reservado, mas assertivo, directo e brilhante na forma como nos oferece "Um café no Muro"... Muito para me ensinar, a todos penso eu, do que é sentir Angola...

Por tudo isto e também porque pelas mãos do Serginho, como se vê na foto, pude, junto com o JA pisar Angola, conhecer em presença, de espírito pelo menos, aquele que foi o verdadeiro varão (inexistente já) do muro da casa do JA em Moçâmedes! O simples gesto de nos levar, mesmo se em folhas de papel pintados, a um local que nos é tão querido, diz-nos tanto da pessoa, né? Ninguém imagina a minha felicidade quase infantil ao receber esta foto! Ali estou eu, numa mensagem escrita na Sanzalangola...

Àquele que um dia me disse "a verdadeira Natacha é Mucubal", isto relacionado com a minha escita no Varão...


OBRIGADA SEMPRE POR TUDO!!

Fica "Um café no Muro", antes da partida:


"Contam-se os dias, horas e minutos, agora em fase decrescente a ansiedade e expectativa aumentam a cada momento, sucedem-se dezenas de memorandos de muitas coisas, umas grandes outras pequenas mas todas elas importantes, vacinas, o que levar, como agir perante a realidade que vamos encontrar após um interregno de três décadas, o que rapidamente se deve absorver na informação para actualização de dados da nossa memória para que se possa minimizar efeitos não desejados. Perante tal caos de pensamentos resta ter Fé e acreditar que tudo correrá pelo melhor pelo que se amou, e tudo correrá maravilhosamente bem pelo que ainda se pode vir a respeitar e a reaprender a amar aquela terra num novo ciclo de vida, agora diferente e amargamente madura, estropiada até e a precisar de todos os que a amem verdadeiramente. Assim o penso agora e depois de lá estar tirarei ilações.
Estive com o meu irmão que me disse assim, " na vida até agora só me arrependo das coisas que não fiz ", que eu subscrevo e retorqui "o que fiz de errado só serviu para me corrigir e não me arrependo ". Sintonia em pensamento e tirada a prova de que é inalienável o que sentimos cá dentro por aquilo que deixamos forçados.
Quero que se compreenda acima de tudo de que não se trata de saudosismo dos tempos de outrora, já me havia referido num poema sobre " as saudades" e a Saudade, a primeira é simples e tem tudo de bom, faz-nos regressar ao útero, aos sabores e aromas da terra que nos viu nascer, terra vermelha e profícua, terra negra ressequida e sedenta de água, das épocas juvenis das brincadeiras, dos namoricos e partidas, das caçadas e pescarias, dos piqueniques, das festas da cidade, das praias e calemas, da trovoada e chuva ao sol, apanhar salalé, das imensas anharas, das quedas de água, dos liceus e escolas, das gentes do campo e da cidade, dos mercados, do emprego e vida comungada com seus pares até onde a cada um no tempo teve lugar ao seu adeus do que amou verdadeiramente. Para a Saudade eu farei por esquecer que existe porque magoa. Remeto-lhe o meu silêncio.
A cada dia por lá passado caberá o conteúdo de ano e meio não vivido naquela terra, são trinta anos, mas saberão a pouco os dias que lá esperamos viver e provavelmente com intensidade redobrada, porque ao olhar-se para alguns locais estaremos a ver também com os vossos olhares , e recordaremos na hora de quem falou deste ou daquele local.
Depois disto já nada teremos para nos arrepender "

Sérgio Monteiro - 30/07/2006

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