quarta-feira, 12 de março de 2008

Cuba

Na parede que está mesmo por detrás daqui de onde escrevo, encontra-se esta tela que trouxe comigo da minha viagem a Cuba em 2002.

CUBA - Eu poderia fazer este post sobre variadissímas perspectivas, a das praias paradisíacas de Varadero com os seus complexos hoteleiros, e poderia mostrar-vos fotos representativas disso mesmo, onde os cubanos podem apenas trabalhar e isso nos levaria à perspectiva da pobreza desconcertante do povo e a questões políticas que de facto não me apetece abordar, poderia muito bem documentar em fotos esta pobreza, mas também não me apetece.
A contraditória beleza de La Habana, onde se respira anos 50 - só sentindo para explicar, um misto de deslumbramento e tristeza pelo que vi e que poderia talvez transformar numa palavra que me ficou de uma plaquinha toponómica numa ruazinha de La Habana vieja - "Amargura".
Sim, Varadero tem praias espectaculares com areias brancas de farinha e águas quentes - lindas, procurem em qualquer folheto turístico e poderão aferir.
Mas do que vou falar é do que mais me marcou e ficou na memória, para além desta amargura que só se sente e não se explica. E essas as documentarei com as seguintes fotos:

Em Havana, onde apenas fui numa visita de um dia, para a próxima serão mais certamente, e onde logo à saída do autocarro fomos abordados por inúmeras crianças que disfarçadamente, porque é proibido mendigar, nos pediam as mais variadas coisas. Pensar que aquelas crianças poderiam ser presas se nós lhes dessemos o que quer que fosse gerou em mim mais um misto de sentires que não haveria de passar. Entre a vontade de satisfazer uma criança e lhe ver um sorriso e o que isso poderia significar efectivamente...
Bom, mais à frente, bem à frente do Capitólio, havia vários destes senhores que por 1€ se ofereciam para nos tirar uma foto com o Capitólio por fundo - fantástico! Lá nos sentámos nas escadas, incrédulos como podería aquela foto resultar. Mas resultou. Esta máquina fabulosa que se vê tirou uma foto nossa, depois foi colocada por cima da nossa uma foto do Capitólio e foi tirada uma nova foto com a composição ... a isto se chama fotomontagem! Achei o máximo e só não mostro o resultado porque não estou sózinha na foto.

Aqui já estamos num dos sítios mais fascinantes em que já alguma vez estive: La Bodeguita Del Medio, famosa por ter sido frequentada por Ernest Hemingway e onde se podem beber os famosos Mojitos que vemos ali a ser preparados. Como é óbvio o sítio faz-se pagar bem por aquilo que representa, mas dá-se por bem empregue!

Ali, naquele sítio apinhado de gente, somos transportados, aliás como em toda a Havana, aos anos 40/50 ... quadros por todas as paredes e rabiscos e assinaturas de todas as pessoas que por lá passam e queiram deixar uma mensagem ou simplesmente uma assinatura, claro que a minha também já lá consta... Magia, acho que se respira magia ali...

Desta viagem a Cuba fica-me a amargura, claro, de quem não consegue viver indiferente mas que tem circunstancialmente de se alhear para poder viver a experiência.
Ficam-me as praias e suas águas quentes, ficam-me as crianças e os seus sorrisos, ficam-me os Mojitos e Daiquiris, ficam-me as imagens que as palavras jamais poderão reportar e fica-me ainda esta situação:

De volta, no aeroporto e na altura de fazer o check-in, pedímos o especial favor de nos darem os lugares perto das portas de emergência por serem mais espaçosos. O jovem sorriu e disse para depois aguardarmos na salinha de espera que iria lá alguém ter connosco. Assim foi, sentaram-se dois cubanos à nossa frente com outros talões de embarque e dizendo: "los mejores lugares", como quem diz, troca por troca com nota à mistura - não evitámos o sorriso apesar do significado daquilo que pudemos observar... Que, tal como nós, muitos outros houve com "los mejores lugares" ...

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